Prezados, não interpretem como mais um querendo “surfar” nessa polêmica, estamos diante de um fato absurdo, surreal, abominável, elitista e discriminatório, devemos ter uma infinidade de textos, vídeos, twitter, falas de políticos em geral, órgãos defensores direitos humanos, entre outros, ainda assim será pouco, tamanho é a monstruosidade e aberração, cito a íntegra:
"Para contextualizar a total falta de condições de operação do local, partindo da área externa à interna, vêse (sic) que todo o complexo é cercado pela comunidade da barreira do Vasco, de onde houve comumente estampidos de disparos de armas de fogo oriundos do tráfico de drogas lá instalado o que gera clima de insegurança para chegar e sair do estádio. São ruas estreitas, sem área de escape, que sempre ficam lotadas de torcedores se embriagando antes de entrar no estádio" (Promotor Rodrigo Terra, após jogo Vasco x Goiás).
Não, amigos, não estamos no século passado, mais especificamente 1924 - quando o Club de Regatas Vasco da Gama foi proibido de participar do campeonato Carioca, pela “elite carioca”, digo Flamengo, Fluminense, Botafogo e América, por termos no nosso elenco jogadores negros, pobres, analfabetos e operários, a Resposta Histórica foi não participar da competição – estamos em pleno século XXI, e esse relato do promotor é algo assustador, segregacionista, mostrando total desconhecimento dos fatos, do Rio de Janeiro e questões sociais não somente do estado, mas, do país.
O Club de Regatas Vasco da Gama deve ser cobrado pela sua organização e estrutura interna – assim como todos os demais clubes do Brasil – mas, não de assuntos externos a seu estádio, tumultos, brigas, tráfico de drogas, desordem, balbúrdia, troca de tiros, entre outros, trata-se de segurança pública e é de responsabilidade do Estado, não podendo penalizar o Vasco por isso.
Se for nestes termos, temos que interditar o Rio de Janeiro inteiro, porque todo bairro nobre tem uma favela ao lado – quem conhece o Rio sabe o que estou falando – e os estádios do Maracanã (Morro Mangueira), Engenhão (comunidade Engenho de Dentro), entre outros.
Estampidos de tiros vemos em todo Rio de Janeiro e não somente na comunidade da Barreira do Vasco.
Pessoas se embriagando, comemorando e se divertindo é muito natural na zona sul, neste ambiente está liberado, porém, na Barreita e entorno de São Januário, só lá, não é permitido, prova da total discriminação e elitismo contra o bairro suburbano e comunidades locais do Vasco da Gama.
Sem contar que estamos sendo proibido de frequentar uma casa construída pelos próprios torcedores - nenhum clube do mundo tem esse feito - em 1927.
É triste, é doído...
TJ-RJ dificulta a situação
Surpreendendo a todos, os desembargadores do TJ-RJ, por dois votos a um, mantiveram a decisão do fechamento de São Januário, deixando perplexos, não somente, comissão técnica, diretoria e torcedores do Vasco, como também, quase totalidade da imprensa esportiva e até mesmo torcedores rivais.
E, para piorar ainda mais a situação, o desembargador Fernando Foch, que presidia a sessão, informou que a Cracolândia não tem a comoção nem repercussão que o futebol está tendo. Comentário totalmente sem propósito e infeliz do magistrado.
Vasco vai recorrer ao STJ
Diretoria do Vasco informa que vai recorrer ao STJ (Superior Tribunal de Justiça, em Brasília), e mostra prejuízos enormes não somente ao clube, mas também aos comerciantes da Barreira e entorno de São Januário, segundo dados, com queda de receitas acima 60% deixando a economia local estagnada e sem condições de continuar com portas abertas.
Dois pesos, duas medidas
No início de julho, tivemos tumultos entre as torcidas do Palmeiras e Flamengo, levando à óbito uma torcedora do Verdão; Como se trata de uma “Arena” não tivemos Allianz Parque fechado.
Final de março, tivemos brigas entre torcedores de Flamengo e Fluminense, onde houve tiros disparados por um policial penal e levando à óbito um torcedor do Fluminense; Também, como se trata de entorno de uma “Arena”, não houve nada, Maracanã não foi fechado.
Na Libertadores, policiais militares atiraram contra torcedores do time Argentinos Juniors dentro do Maracanã, nada foi registrado, nada foi apurado, estádio, policiais e torcedores continuam livres e sem abertura de processos, “Arena” moderna, palco de final de mundial FIFA pode, sem problemas.
Ontem, torcedores de Botafogo e Flamengo entraram em confronto, com doze pessoas presas e três delas feridas, como se trata de entornos do Nilton Santos, “moderno” não tivemos ação do MPRJ (Ministério Público Rio Janeiro), nem algum tipo de Juizado Especial dos estádios agindo e apurando fatos.
Maracanã para todos
Sabendo da possibilidade do Vasco entrar na justiça requerendo mandar o jogo Vasco x Fluminense, no Maracanã, o consórcio e a dupla Fla x Flu deixaram o estádio “fechado para recuperação do gramado”.
O Vasco não pode jogar na sua casa (São Januário) nem no estádio público que também é seu (primeiro campeão do Maracanã, em 1950).
Contra tudo e contra todos nunca foi tão marcante e transparente.
Resiliência e resistência
Nunca foi – nem nunca será - apenas futebol. Jamais irão calar a instituição Vasco da Gama, sua história e sua imensa torcida, a resiliência é nossa marca, a luta contra o preconceito e elitismo está nas nossas veias, perdemos uma batalha, mas a vitória nesta guerra certa.
SV
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Parabéns pelo belíssimo texto, meu amigo. Vc foi cirúrgico em suas palavras. #contratudoecontratodos
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