Já nos bastidores o Clássico dos Milhões começou cedo, "manda quem pode obedece quem tem juízo", assim a FERJ acatou pedido da diretoria Rubro Negra de transferência do jogo para quinta feira sem ao menos consultar a direção Cruzmaltina, isso caiu como uma bomba em São Januário.
Em resposta Jorge Salgado, presidente do Vasco, reforçou com o governador interino do Estado, Claudio Castro, intenção de participar da licitação do Maracanã, o que não soou bem na Gávea. Clima entre as duas equipes ficou pesado, acirrando mais ainda a rivalidade que já é intensa naturalmente, antes do confronto em campo.
Flamengo, histórico favorável
Quem imaginava facilidade num jogo envolvendo o poderoso Flamengo, campeão de tudo (último, Supercopa do Brasil, no domingo contra o Palmeiras), elenco renomado e recheado de craques, entrosados, onde tinha uma invencibilidade de 17 jogos sem perder do rival que acabara de cair pela quarta vez para a série B, com um elenco recém formado, peças soltas diante de um reformulação total, envolvendo comissão técnica e atletas, enganou-se com o que viu.
Rogério Ceni tem seus méritos em ter modificado a equipe trazendo Arão para a zaga (já que Gustavo Henrique não é de confiança) e colocando Diego na cabeça de área fazendo o segundo homem, na proteção da defesa, com isso a equipe fica mais forte ofensivamente.
Mas, para esse jogo ele não teve sucesso nas suas alterações deslocando Gerson à frente fazendo a função de Arrascaeta, time perdeu criação no meio.
Gerson não sabe jogar de costas, entre as linhas, treinador demorou de perceber isso, só fazendo substituições no segundo tempo, onde colocou Vitinho, deslocando Gerson para sua função de origem como volante de criação.
Time rubro negro criou, mas foi muito bem marcado pelo rival que mereceu a vitória.
Para os supersticiosos e fanáticos a última vez que a equipe tropeçou com o rival (4x4 Brasileiro 2019) foi campeão da Libertadores do mesmo ano.
Vasco bem montado
Equipe Cruzmaltina não tomou conhecimento do favoritismo Rubro Negro. Marcelo Cabo armou um Vasco estrategicamente forte, com marcação dentro do seu campo de defesa (linhas baixas), não deixando espaços para os bons e rápidos atacantes adversário.
Havia momentos que tinha três jogadores Vascaínos em cima de um Rubro Negro, tamanho era à vontade e raça da equipe de São Januário em roubar a bola e sair em velocidade.
Ainda invicto (as duas derrotas foram pelo comando de Siston, técnico da Base), Marcelo transformou uma equipe depressiva na criação, horrorosa na defesa, esfacelada na cobertura, numa equipe encorpada nas triangulações, coesa e sólida na defesa, envolvente, criativa com jogadas verticais e finalizadoras.
Assim percebemos nas jogadas do segundo e terceiro gols.
Quando Marquinhos Gabriel levanta a cabeça ele tem Cano e Morato enfiados entre os zagueiros flamenguistas (estratégia para segurar time adversário), meio lança Morato que dar um drible desconcertante em Filipe Luis e bate forte com a direita, indefensável para Diego Alves, saindo estilo Edmundo com as mãos pra cima, rebolando, Vascão 3x0, GOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOLLLLLLLL LAÇO AÇO AÇOOOOOOOO!!!
Vitória incontestável, tabu quebrado (desde 2016 o Vasco não vencia o rival), tranqüilidade volta à Colina.
O desafio maior é trazer de volta o clube a serie A, mas ganhar o Clássico dos Milhões tem um sabor especial, é, de fato, um campeonato à parte, tamanho a grandeza das suas torcidas e histórias.
Atuações
Flamengo
Diego Alves, não teve culpa nos gols sofridos, nota 4;
Isla, não teve espaço para jogar, não comprometeu, nota 4;
Arão, não conseguiu fazer um bom jogo, parecia nervoso, inseguro, nota 4;
Bruno Viana, garoto sentiu a pressão do clássico, nota 4;
Filipe Luis, não conseguiu apoiar como nos jogos anteriores, foi driblado desconcertadamente no terceiro gol do rival, nota 3;
Gomes, jovem da base, bom jogador, tem potencial, mas não teve espaço, nota 5;
Diego, a idéia de tê-lo como volante é muita boa, equipe fica mais ofensiva e versátil, foi bem marcado, em alguns momentos foi duro na marcação, nota 6;
Gerson, no primeiro tempo não entrou em campo, já na segunda etapa cresceu, é diferenciado, se deixar jogar acaba com o partida, nota 7;
E Ribeiro, irreconhecível, nota 4;
B Henrique, tentou por cima e por baixo, com cabeçadas e chutes para o gol, sempre bem defendidas por Lucao, nota 7;
Gabigol, foi juntamente com BH os que mais incomodaram a zaga adversária, é diferenciado, vive um bom momento, mas parou no sistema defensivo rival, nota 7;
Vitinho, entrou bem, meteu uma bola na trave e fez o único gol rubro negro, se deixá-lo chutar é extremamente perigoso, nota 7;
Matheuzinho e Rodrigo Muniz, sem nota
Rogério Ceni, escalou errado no primeiro tempo, tentou corrigir, mas já estava perdendo 2x0, nota 5.
Vasco
Lucao, motivo de insegurança da torcida do Vasco, deu a volta por cima, inspirado nos grandes goleiros negros vitoriosos de São Januário - Barbosa, Acácio, Helton - fechou a meta, fazendo defesas incríveis, Vanderlei vai ter que jogar muito para barrá-lo, nota 10;
Léo Matos, fez um gol e foi muito útil à equipe, nota 8;
Ernando, conseguiu passar por um grande teste, foi seguro e firme nos desarmes, nota 7;
Castan, questionado se ainda pode jogar em alto nível, o experiente capitão fez uma partida sem comprometer, nota 7;
Zeca, firme na marcação, dificultou avanços do rival pela direita do ataque, nota 7;
Andrey, não estava 100%, havia dúvidas sobre sua escalação, entrou bem, desarmou Gerson no segundo gol dando passe para Morato, fez uma partida segura. Nota 7;
Galarza, nem parecia que acabara de subir da base, desarma e vai pro ataque com muita personalidade, não se intimida, nota 7;
M Gabriel, há momentos que some do jogo, mas foi decisivo no passe para Morato no terceiro gol, nota 7;
Pec, não fez uma boa partida, pode render mais, nota 5;
Morato, começou nervoso, fazendo muitas faltas, depois que passou a tensão inicial, deu passe para um gol e fez um belíssimo gol, daqueles que merecia um Maraca lotado para ovacioná-lo, nota 9;
G Cano, vejam que o passe que recebeu não foi fácil, a bola veio "pulando como um coelho" ele tranquilamente ajeitou e fuzilou a meta de Diego Alves, tem faro de gol, nota 8;
Bruno Gomes, entrou disperso, displicente, recebeu uns gritos de Castan e acabou entrando no jogo, nota 5;
C Tenório, deu mole no gol do rival, teve a chance de colocar a bola para escanteio duas vezes, nota 4;
Miranda e Leo Jabá, sem nota;
Marcelo Cabo, transformou o lixo num luxo, mas credito sua nota juntamente com a diretoria do Vasco por todas as reformulações que estão fazendo no clube (demissões 180 funcionários, encerramento de contratos e empréstimos de veteranos desgastados com o clube e torcida, aproveitamento efetivo da base, manutenção G. Cano, renovação contratos com reduções de salários de Castan e Léo Matos, contratações com ganho por produtividade, pagamentos de salários atrasados, entre outros. Nota 10.
Próximos desafios
O Flamengo com um time alternativo enfrenta a Portuguesa pelo Carioca, mas de olho no Velez, no meio da semana, pela Libertadores.
Já o Vasco precisa vencer o Boa Vista e torcer pelos tropeços de Flu e/ou Portuguesa para entrar nas semifinais, mas também sonha alto e está de olho na Copa do Brasil.
Saudações!
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