Futebol é estratégia, aplicação tática-técnica, mas sem garra, vira pelada (ou melhor, há peladas mais pegadas que certos jogos profissionais).
É bonito vermos as estratégias e aplicações táticas dos treinadores, quando estes transformam na prática aquilo que foi exaustivamente trabalhado nos treinos, os dribles desconcertantes dos atletas mais técnicos, porém, nada disso dar liga se a equipe não tiver garra, volúpia, vontade, tesão pela vitória, determinação coletiva em busca do sucesso.
E essa garra, o Vasco não levou à campo no domingo, 02.06, sendo facilmente batido pelo seu maior rival, levando uma goleada de 6x1, a maior que o time da Colina levou contra os rubro negros (lembrando que o Vasco ainda detém a maior goleada sobre o rival 7x0).
Recorde Mundial
Numa noite de quarta-feira, mais de 152 mil pessoas, num Maracanã entupido, em 1977, o Clube de Regatas Vasco da Gama foi campeão Carioca sobre o Flamengo, nos pênaltis, porém, o que mais foi evidenciado naquela equipe foi o sistema defensivo intransponível.
Observe que não falei zaga, mas sim, sistema defensivo, pois o time era compacto, se defendia com todos atrás da linha da bola, dificultando penetrações e avanços dos adversários.
O Goleiro Mazzaropi, ficou 1.816 minutos sem sofrer gol. Esse feito, é até hoje um recorde mundial, um total de 20 partidas. Mazzaropi só voltou a tomar gol no estadual, na segunda partida do Vasco da Gama, em 1978.
Vasco de Orlando Fantoni jogava num 4-3-3: Mazzaropi, Orlando, Abel, Geraldo e Marco Antônio; Zé Mário, Zanata e Dirceu; Wilsinho, Roberto Dinamite e Ramon.
Olha que não foi fácil manter essa invencibilidade, porque o Flamengo tinha Júnior Capacete, Adílio, Osni, Zico, Claudio Adão & cia, Flu e Fogo também tinham grandes jogadores.
Era lindo vê aquele time jogar, mais bonito ainda era observar a dificuldade que os rivais tinham em vazar esse time, sempre compacto, duro, forte, cruel e finalizador.
Erros de Álvaro Pacheco (antes do jogo)
O treinador Álvaro Pacheco teve 11 dias para treinar o Vasco, mas começou errando, assim que o Cruzmaltino se classificou para as oitavas de final da Copa do Brasil, deu dois dias de folga para os atletas, mesmo sabendo que tinha um clássico pela frente, desnecessário.
Segundo erro do Álvaro, foi não usar a última partida do Vasco x Flamengo como parâmetro e objeto de trabalho, segundo jornalistas, treinador analisou apenas três partidas do rival, derrota contra o Botafogo, e vitórias contra São Paulo e Milionários, todas no Maracnã.
Nesta partida o Vasco foi superior ao Flamengo, onde o zagueiro Léo Pereira salvou dois gols em cima da linha de Vegetti e o time da Colina não foi ameaçado pelo rival, partida amplamente equilibrada e dominada pelo Vasco, sem sofrer riscos.
Ramón Díaz armou o Vasco num 3-5-2: Jardim; J Victor, Medel e Léo; PH, Jair, Zé Gabriel, Payet e Piton; Vegetti e David. Aos 11 minutos, Jair saiu gravemente contundido e entrou Mateus.
Era muito simples, fácil, repetia o time que deu certo, injetava pitadas de emoções, ajustes, corrigia os erros daquele jogo e pronto.
Mas, Álvaro ignorou, começou tudo do zero e se deu mal, está marcado pelo resto da sua vida com uma goleada histórica, trabalho começou mal.
Nada que uma boa conversa e negociação com o staff de David para libera-lo para o clássico.
Outro erro grave, não fez pelo menos um jogo treino, contra qualquer equipe aí mesmo do Rio para testar o time, treinar o esquema com 3 zagueiros, corrigir, ajustar falhas.
Erros Álvaro (no jogo)
Escalar Maicon como zagueiro pela direita, lento, pesado, sem técnica foi um erro crasso, é nítido, já que ele não repetiu o último time que fez um bom jogo contra Fla, teria que ter a mínima coerência colocando os jogadores nas suas melhores posições em campo.
É evidente que J Victor é mais rápido, técnico e versátil que Maicon, nesse caso, deixaria Maicon como zagueiro centralizado, com J Victor e Léo pelas extremas, elementar – com saídas pelas laterais ajudando os alas nas subidas.
Outro grave erro, foi deixar Galdames e Sforza na cabeça de área, dessa forma, time ficou totalmente desprotegido, sem volantes de contensões, além de Payet também não marcar. Teria que ter entrando com um volante mais marcador (Zé Gabriel ou Hugo Moura).
Mais um erro, após a expulsão de J Victor, ainda no primeiro tempo, o time já tomando 3x1, deveria ter tirado Rayan e colocado Mateus, tiraria Galdames e colocaria Zé Gabriel. Já dava uma arrumada na equipe, mas, ele deixou o time mais exposto colocando Rossi na ponta, aí foi a gota d’água.
O jogo é jogado, iríamos para um segundo tempo mais fechado e buscaríamos um erro deles para diminuir, e talvez trazer um empate, que no cenário atual, com um a menos e perdendo 3x1 seria uma grande vitória.
Modelo de competitividade
Hoje, o Manchester City é, talvez, a equipe a ser batida – juntamente com o Real Madrid – pois bem, na final da Copa da Inglaterra, contra seu rival local, Manchester United, onde muitos esperavam um atropelo do City tetra campeão Premier League (já o rival 8º colocado e em crise).
O resultado já sabemos, o United neutralizou totalmente o rival e venceu com méritos, estratégia.
Outro grande jogo, final Champions League, Borussia x Real Madrid, todos também esperavam um atropelo do Madrid, embora foram campeões, mas, o Borussia teve duas grandes chances no primeiro tempo, que poderiam ter matado o jogo.
Primeiro tempo primoroso do Dortmund, num 4-3-3 extremamente compactado, sem permitir chances para o rival e saídas rápidas para o ataque.
No intervalo, o estrategista Ancelotti, arrumou o Real Madrid e liquidou a partida, volta a dizer, futebol é estratégia.
Que sirvam de exemplos
Todo torcedor sonha em ganhar títulos – não precisa bater recordes sem levar gols como o Vasco 1977 – nem precisa ser um Real Madrid, mas, precisa jogar simples, com garra, alma, tesão, raça como o Dortmund e o United.
Deixar de ser Vasco, jamais, quem é Vasco não muda de time, quem muda, não é nem nunca foi Vasco.
Parece um jargão batido, redundante, mas, se você não entende um vascaíno, não se esforce, pois jamais entenderá, está no sangue, na alma, na raiz, como essas características não estão em você, então jamais entenderá.
Vocês, jogadores, que estão nos representando, quando faltar a técnica, deve sobrar raça, garra, força, alma, vontade e amor à essa instituição, e que jamais repitam o que vocês fizeram naquele fatídico domingo, 02.06.2024, vocês assistiram passivamente a uma das piores tragédias que o clube já passou.
Mas, como sempre, RESISTIREMOS, agora, lutem por nós, precisamos competir, lutar, vibrar, esbravejar, com determinação e vontade de vencer.
Twitter wildenunes1
Insta wilde.nunes.7
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